A ocupação urbana no bairro de Antonio Bezerra foi marcada por um processo acelerado de transformações. A transição urbana, ou seja, a passagem de uma população predominantemente rural para uma urbana ocorreu em um ritmo muito rápido.
Os primeiro registro da ocupação do Barro Vermelho data de 1800, quando surgem as primeiras construções de chácaras e sítios com características agrícolas. Hoje, passado dois séculos, ainda temos a Chácara Salubre, único equipamento existente no bairro, testemunha ocular dos primórdios de sua colonização, um marco de referencia histórica e arquitetônico que resiste ao tempo. Com o surgimento de novas famílias, o bairro foi adquirindo características próprias. O comercio passa a prosperar lentamente, surgem as primeiras ruas e casas que eram construídas em estilo de Taipa, ou seja, feitas de barro e madeira.
Na década de 50 as primeiras casas passaram a serem construídas de tijolos, surge nesta época às primeiras olarias, locais que eram fabricados tijolos existente próximo às lagoas e nas margens do rio Maranguapinho. Nestes locais existia muita argila produto essencial para fabricações de tijolos e telhas. Nas olarias eram fabricados dois tipos de tijolos, o vermelho e o tijolo branco, este ultimo ainda hoje encontrados em alguns depósitos, o Sr. João Batista Rogerio um dos primeiros donos de deposito de construções do bairro, localizado na Rua Martins Neto, relembra que as olarias, ficavam entre os bairros Genibaú e Autran Nunes conhecido antigamente como KM 10. Existia varias olarias e a maior pertencia ao Sr. Edgar mais conhecido como Tigar. Segundo Sr. João Batista a produção de tijolos e telhas eram muito grande, quase todas as casas do bairro foram construídas com tijolos e telhas proveniente das olarias. Nesta época não era fabricado os tijolos de cerâmicas conhecidos como tijolos de oitos furos. Somente se popularizando a partir da década de 70.

Neste processo de evolução urbana as antigas olarias foram desativadas, seus espaços foram transformados em casas e ruas, suas caieiras já não cozinha mais tijolos e telhas, produzidos por mãos humanas, hoje os tijolos são moldados por maquinas elétricas em locais distantes dos centros urbanos, elas foram responsável pelas construções de casa, escolas e igrejas. Com o passar dos tempos suas paredes foram substituídos por tijolos de cerâmicas, muito mais resistente e econômico.
Neste ritmo acelerado, planejar o crescimento da cidade apresentava desafios de ordem mais imediata, considerando a demanda por moradia e espaço urbano. Neste momento, um processo de verticalização iniciou-se, principalmente nos centros urbanos, elevando o custo da terra e, de certa forma, levando a população mais carente a se alocar nas periferias urbanas destes centros. Um exemplo de dispersão urbana são os condomínios fechados localizados em áreas mais distantes dos centros urbanos. Neste processo, surgem os primeiros condomínios no bairro. O primeiro condomínio foi Vera Cruz construído na década de 70 na Rua Anario Braga, vizinho ao GPM. O segundo foi construído na Avenida Mister Hull enfrente a Praça da Igreja Católica. Todos na década de 70. Depois foram construído o Costa Oeste na Av. Mister Hull e na década de 90 o conjunto da Aeronáutica o maior de todos. A maioria ocupada por moradores provenientes de outros bairros de Fortaleza.
Sr. Manuel Ávila, mais conhecido como Manuelino proprietário de quatros condomínio no bairro de Antonio Bezerra, um na Rua Martins Neto, dois na Rua Professor José Leite Gondim e um na Rua Hugo Victor nos diz que: “Os condomínios fechados podem ser considerados como um dos ícones desse processo de expansão urbana contemporâneo em Fortaleza. Embora seja especialmente direcionado para um público de média e alta renda, hoje já existe possibilidade de acesso por uma parte mais ampla da população. Trata-se de um novo padrão de consumo do espaço urbano, que se opõe ao período de verticalização da década de 70, onde residir em um prédio no centro da cidade representava status social.” ele nos relata que hoje, residir em um condomínio fechado é mais valorizado. Eles representam uma mudança importante no padrão de ocupação presente e futuro.

Ocupação desordenada nos espaços geográficos do bairro de Antonio Bezerra passa a ser cada vez mais constante. Casas são transformadas em duplex ou tríplex além da proliferação de pequenos condomínios fechados. Estas ocupações populacionais estão alterando o ambiente no bairro, com o surgimento de obras e edificações sem planejamento, ocupando áreas de preservação permanente. Lagoas e rios são aterrados para construções de casas, estes lacais deveriam estar protegidos por leis ambientais ou áreas, que pela sua natural topografia, representa risco a habitação humana.
Por fim temos a transformação das casas residenciais em comércios dos mais variados tamanho. Ruas outrora residenciais são transformadas em pontos comercias, como exemplo temos a Avenida Mister Hull quase totalmente comercial em sua extensão.
O processo de transformação urbana no bairro de Antonio Bezerra passou por varias fases. Primeiro tivemos o inicio da colonização com as construções de casas de taipas. Depois com o surgimento das olarias veio os tijolos e telhas ampliando a construções de novas casas. Depois surgem os tijolos de cerâmicas criando um novo conceito arquitetônico. Com o aumento populacional cada vez mais constante, novas tecnologias produzem os condomínios de pequeno e médio porte. Todos os espaços geográficos do bairro são ocupados provocando um aumento populacional muito grande.