No dia 23 de outubro de 1923 nasce em Acaraú Ceará um lindo menino de olhos verdes que foi batizado com o nome de Egberto Ferreira de Andrade, Filho de José Aristides de Andrade e Maria Alvina Ferreira de Andrade. Cresceu cercado de muito amor entre irmãos de sangue e de criação. Todos os anos viajavam do sertão para a praia acompanhando o gado da família na busca por pastagem. No período chuvoso no sertão da Fazenda Baixa Grande e no seco na Fazenda do Corrente, na praia em Acaraú. Ali cresceu e teve uma vida muito feliz e cheia de aventuras no campo.
Aos vinte e um anos em 1944, em plena segunda guerra mundial, responde a convocação de um recrutador da Aeronáutica que passou em Acaraú prometendo a quem se alistasse um curso para piloto da Força Aérea Brasileira (FAB). Entusiasmado e juntamente com vários amigos, veio prestar o serviço militar na Base Aérea de Fortaleza. Descobriu que foi enganado. Na verdade, a Base de Fortaleza estava em construção e eles foram usados como trabalhadores braçais no desmatamento, escavações e transporte do material de construção. Durante vários meses não receberam qualquer instrução militar. Após uma pequena revolta de sua turma, essa informação chegou ao alto escalão da FAB que determinou a imediata realocação desses homens ao treinamento militar.
Sua passagem pela Base Aérea de Fortaleza, foi muito marcante, tanto que era difícil o dia que ele não contasse alguma história desta época. Dos momentos de folga seus passeios pela praia de Iracema, saltos da ponte metálica, bailes nas pensões do centro da cidade junto com recrutas brasileiros e soldados americanos, da base aérea de prefixo PC, que deu o nome ao atual bairro Pici. Contava que foi destacado para a base dos americanos e fazia rondas num Jeep de guerra, dando segurança ao paiol de munição dos americanos, no atual bairro Antônio Bezerra, especificamente onde hoje está o condomínio da Aeronáutica.
Ao término da segunda guerra, já como civil, começa uma grande história de amor com uma linda jovem loura de olhos azuis, Azenete Castro, grande amiga de sua irmã Aurila. Segundo ele, Aurila o apresentou à Azenete e disse que fazia muito gosto no casamento dos dois. Ele “obediente” logo aceitou a missão e no dia 12 de setembro de 1950 casou com Azenete na Paróquia Jesus, Maria e José de Antônio Bezerra e permaneceu casado por todo o resto de sua vida. Completando 65 anos de união.
Cheios de sonhos, foram morar em Acaraú/Ce. Lá chegando montam um pequeno comércio. Sua família cresce e nascem duas meninas. A alegria e a responsabilidade aumentam, porém os negócios entraram em dificuldades. Então resolvem se mudar para Quixadá. Com as crianças um pouco crescidas surge a preocupação com o futuro delas. Neste momento, Azenete conversando com Egberto firmaram o propósito de oferecer aos filhos a oportunidade de se formarem na universidade e conquistar uma vida melhor. Com esse projeto eles retornam para Fortaleza.
De volta à Fortaleza em 1956, o casal enfrentou e superou grandes adversidades. Egberto, homem do interior, encarou a vida na cidade com o quarto ano primário, se reinventou e aprendeu a arte de fazer e consertar móveis. Estabelecendo, na Avenida Mister Hull, a Movelaria Jesus, Maria e José mudando-se posteriormente para a avenida perimetral, 168. Muito conhecido no bairro Antônio Bezerra pelo seu caprichoso trabalho, conquistou muitos amigos, os quais fazia questão de visitar todos os domingos, à tarde.
Não faltava à missa de domingo na igreja do bairro, onde também batizou seus três últimos filhos. Participava da vida paroquial e tornou-se membro do ECC (Encontro de Casais com Cristo) e sempre ajudava quem precisasse.
Tinha um sonho de ganhar na loteria para ajudar seus parentes. Desenhou muitas plantas de casas que seriam construídas com o dinheiro do prêmio. No entanto, não foi através da loteria que viria realizar o grande sonho. Mas, pelo seu próprio trabalho e esforço como marceneiro criou e formou, na universidade, todos os filhos. Deixando um legado de honestidade, honradez e amor ao trabalho entre todos os que o tiveram a oportunidade de lhe conhecer.
O seu projeto de transformar a vida da família através da educação está concretizado no Colégio Afonso Andrade, fundado em 25 de novembro de 1993, à Avenida Cel. Matos Dourado, 168 em Antônio Bezerra. O nome “Afonso” tem sua origem no pai de Azenete e “Andrade” no pai de Egberto, juntos formam uma assinatura que garante o compromisso de várias gerações, de uma família, com a educação e o seu poder transformador.
Os netos de Egberto e Azenete, filhos de Afonso Andrade (seu filho) e Maria Célia (sua nora), também chegaram à universidade através do Colégio da família, fruto do mesmo sonho da educação transformadora, que atravessou gerações. O Colégio Afonso Andrade, através da educação, tem ajudado também a transformar a história de vida de milhares de outras famílias.
Texto:
José Afonso Castro de Andrade.