José Rodrigues de Freitas - Um homem que tem a ousadia de desafiar o tempo.
Imaginem um homem que nunca parou de sonhar...e que tem a ousadia de desafiar o tempo... é sobre esse homem que vamos discorrer a partir de agora, contando resumidamente a sua trajetória permeada por emoções, desilusões, realizações e persistência.
Nascido no dia 16 de fevereiro de 1915 no município de Paracuru, anteriormente denominado Parazinho, JOSÉ RODRIGUES DE FREITAS tendo como pais Manoel Rodrigues e Ana Ferreira. São seus irmãos Francisco (in memoriam), Raimunda (in memoriam), Manoel (in memoriam), Zilda (in memoriam), Deldía, Lourdes e Maria.
Desde criança, já demonstrava que seria um homem honrado, trabalhador e obstinado em seu desejo de vencer e ser alguém na vida. Daqui por diante vamos designar nosso homenageado pelo apelido no qual é conhecido em todo o Paracuru, ZÉ GUAJÁ, apelido esse herdado de seu pai, por ser muito alvo e corado, semelhante a uma espécie de siri muito comum no nosso litoral paracuruese.
Aos sete anos de idade Zé Guajá começou a vislumbrar as primeiras letras, tendo como instrutora sua mãe Ana, conhecida como D.Naninha, também parteira na região. O tempo passava e D. Naninha lutava para criar seus filhos com dignidade. José Guajá crescia, e já era um rapazinho, trabalhando juntamente com seu pai e o irmão Francisco na agricultura.
Percebendo que, naquela vida, jamais conseguiria realizar seus sonhos, Zé Guajá, com a intervenção de sua mãe, conseguiu seu primeiro emprego, ajudante de comércio do Sr. Manoel Militão por quem, até hoje tem uma enorme gratidão.
Mesmo sendo grato, JOSÉ GUAJÁ, queria ir além, pois acreditava que tinha capacidade de ser mais do que um simples ajudante, já que muitas vezes realizava atividades meramente domésticas. Desiludido, volta para a casa de seus pais, que o acolheram, incentivando-o que dias melhores viriam. Dois dias depois dessa primeira decepção, o destino começou a mudar sua vida.
O Sr. Pedro Nunes, sogro do Sr. Manoel Militão, sabendo que Zé Guajá, não trabalhava mais com o seu genro, convidou-o para ser caixeiro e homem de sua confiança em seu comércio...chegava então a oportunidade que ele queria. O tempo ia passando, porém o destino mais uma vez, mudaria seus os planos. Seu patrão resolvera acabar com o comércio. Desempregado, José, decidiu mudar totalmente de rumo. Resolveu vir pra Fortaleza sentar praça, ou seja, ser soldado.
31 de dezembro de 1936. JOSÉ, muito próximo de deixar sua terra querida e partir rumo a Fortaleza, recebeu um convite para trabalhar novamente no comércio, ironicamente, do seu primeiro patrão, Sr. Manoel Militão. José relutou, mas, felizmente o amor por seus pais e sua terra falaram mais alto, e o jovem arrojado voltou ao comércio, embora acalentando o projeto de partir para Fortaleza.
Passaram-se os anos, e em 16 de Fevereiro de 1942, o encontramos novamente arrumando as malas. Resolvera, de vez, partir para a capital e tentar a vida militar, queria ser soldado. Nos preparativos para a viagem, Zé foi visitar seu amigo alfaiate Jaime Militão, que o convidou para ir até o JARDIM, mais precisamente a casa do Sr. Zeca Batista.
Na conversa, ficaram sabendo que o Sr. Zeca precisava de uma pessoa de confiança para assumir o seu comércio, pois o mesmo já não dava conta de tudo, mas JOSÉ não queria mudar seus planos mais uma vez.
Mais uma vez o destino pregara uma peça em JOSÉ, desta vez, uma peça grande. Dia seguinte, ele recebeu um chamado do Sr. Zeca para conversar. O susto foi maior ainda, pois o homem não queria apenas seus serviços, o queria para sócio. Adeus Fortaleza, pelo menos nesse momento.
Bem apessoado, como se dizia na época, logo conheceu Maura, única filha de Sabino Braúna, moça prendada e de reputação ilibada, além de ser o bem querer do pai e dos seis irmãos homens. Não demorou muito e através de bilhetes e recados surgiu uma forte atração entre os dois... veio o namoro, noivado e o casamento no dia 12 de julho de 1943. Dessa união nasceram 05 filhos: Mauricio, Fátima, Fatimy, Zé Nato e Lúcio.
O sonho de mudarem para Fortaleza finalmente se concretizou em fevereiro de 1958, quando toda a família mudou-se para a cidade grande. Nesse período José arrendou suas propriedades no Jardim e dedicou-se ao que mais ele sabia fazer, o comércio.
O tempo passando e outros sonhos sendo realizados. A casa própria, os filhos estudando, cada um trilhando seus próprios destinos.
Raciocinando que poderia ir além, José aceita convite para ingressar na política e tenta seu primeiro mandato como vereador. Com obstinação, alcança mais um sucesso na sua vida ao eleger-se para o cargo.
Animado e encantado com a vida pública, candidata-se mais uma vez e consegue a reeleição, tornando-se também presidente da Câmara.
Durante seus mandatos, destacou-se como grande defensor da educação, conseguindo a construção de varias unidades escolares nos diferentes distritos de nosso município. Exemplo maior é o Grupo Sabino Alves Braúna e o posto de saúde Maura Braúna construídos em áreas doadas por ele.
Hoje, afastado da vida pública, continua acalentando o sonho de ver sua cidade oferecendo uma melhor educação, mais empregos, uma saúde de qualidade para todos. Zé Guajá, pai, avô, bisavô, tataravô, conselheiro, lutador incansável, orgulho para todos.
Encerramos este capítulo da sua história por agora, pois muito ainda será contado, e nada mais justo do que citar uma frase de sua autoria, que talvez nem lembre de tê-la dito: “Um homem de bem deveria viver 200 anos; os 100 primeiros serviriam para aprender e os outros 100 para realizar".