Quando alguém nos abandona, os sentimentos que vivenciamos se intensificam. Com o passar do tempo, poderemos transformá-los e processá-los, como um fertilizante do qual crescerá um lindo salgueiro. O amor morre ou se transforma? A perda de alguém que ilumina nosso caminho nos coloca às portas de uma jornada dolorosa. O vazio que sentimos nos dilacera por dentro porque algo nos foi arrancado.

Quando o vínculo permanece, mas o fio se rompe, é fácil ficar dominado pela sensação de que a vida se tornou mais cinzenta, mais fria e mais escura. O amor morre? A experiência nos diz que os sentimentos não estão longe de morrer, mas se transformam. Os sintomas que acompanham o ato de perda são chamados de luto. Existe uma crença generalizada de que o luto ocorre apenas quando alguém morre, mas a realidade nos mostra que o luto pode se manifestar em diversas situações: a separação do parceiro, a perda de um objeto de valor pessoal ou fenômenos da moda como o fantasma.

O processo de luto é difícil; significa transformar um grande conjunto de emoções, pensamentos e comportamentos ligados ao que foi perdido. O objetivo perseguido é facilmente compreensível: aceitar a realidade e superar a dor. O objetivo final é a recomposição do nosso mundo interno. Para a terapia narrativa, nada morre, mas se transforma. Quando perdemos alguém porque morreu ou desapareceu, o amor permanece. Continue a embalar as lágrimas que vêm da dor da ausência.

Nossa alma nos acaricia em cada lembrança e em cada pensamento. As pessoas que amamos ainda estão presentes em nossos pensamentos e o amor que professamos por elas está latente, mas de uma forma diferente. Dar sentido à dor da perda também envolve dar sentido a nós mesmos. Segundo o psiquiatra Kübler Ross, as fases pelas quais as pessoas passam quando sofremos uma perda são: A negação do que nos aconteceu, o que nos permite reduzir o impacto emocional da perda. Raiva, ressentimento que nos permitem expressar a dor que sentimos. Quando a raiva é descarregada, surge a negociação, a tentativa de recuperar o que perdemos.

Quando percebemos que não é impossível, a tristeza costuma ganhar importância. Depois do desânimo, vem a aceitação. A sensação que acompanha a paz e a tranquilidade e que permite uma recuperação gradual do estado de espírito e da estabilidade pessoal. As narrativas que formamos sobre a dor referem-se à linguagem que construímos para dar sentido. Isso acontece porque tentamos encontrar sentido nas coisas que nos acontecem.

Pensar no amor que sentimos no passado por uma pessoa ausente nos permite refletir, reavaliar e dar sentido ao relacionamento que vivenciamos e aos fatos que compartilhamos com essa pessoa ao longo do tempo, onde houve dor, as lindas lembranças,. anedotas e admiração. Para a terapia narrativa, a forma como falamos sobre as pessoas que perdemos tem grande valor. Portanto, quanto mais formas forem utilizadas para pensar, refletir e contar o que aconteceu, maior será a possibilidade de construir uma versão menos dolorosa. Processar, construir e transformar a dor envolve gerar novas narrativas.

Significa também entrelaçá-los e misturá-los, unificar a nossa vida antes da perda com a nossa vida agora, para que não tenham vergonha de chorar; você tem o direito de chorar. As lágrimas são apenas água; e flores, árvores e frutos não podem crescer sem água, mas também deve haver luz solar. Um coração ferido irá curar com o tempo e quando isso for feito, a memória e o amor dos nossos perdidos serão selados dentro de nós para nos confortar.