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Autor:
Paulo Silva
Ministério de Música Águias
da Paz |
Senhor, faz-me fiel
Olá, pessoal, a paz de Jesus!
Bom,
quero falar hoje sobre a fidelidade de Deus,
diante de nossa imensa infidelidade.
Todos
os dias, acordamos, saímos, trabalhamos,
estudamos, corremos pra lá e pra cá
e quase nunca paramos pra nos perguntar se estamos
sendo fiéis àquilo que Deus tem
nos prescrito desde sempre e tem dado à
nossa felicidade. Fico me perguntando como seria
uma vida fiel ao Senhor. Bom que Deus é
fiél todos nós sabemos, ja virou
até música da Banda Louvor e Glória
e de tantos outros artistas. Mas você
já parou pra se perguntar o quanto tem
sido infiel? Quanto mais vivemos, caminhamos,
sentimos necessidade de ir mais e mais além.
Isso o próprio Deus incutiu em nossa
alma para que nós nao possamos estagnar
no nada. Mas nesse caminho, existem muitos ladrões
semeando joio em nosso trigo (Mt 13, 24-30)
e nós quase sempre não conseguimos
desviar deles. É aí que entra
nossa capacidade de decisão.
Capacidade
de decisão é a virtude
que nos faz optar pela fidelidade àquilo
que se acredita e passar a viver, vivenciar
aquilo que se professa. Quando me decido por
andar com Deus, não posso simplesmente
andar com Deus e com satanás. Não
posso simplesmente dizer “amo o Senhor”
e virar as costas para cometer pecados conscientes.
Como diz a Palavra, “Não há
nenhum justo, não há sequer um.
Não há um só que tenha
inteligência, um só que busque
a Deus. Extraviaram-se todos e todos se perverteram.
Não há quem faça o bem,
não há sequer um. A sua garganta
é um sepulcro aberto; com as suas línguas
enganam; veneno de áspide está
debaixo dos seus lábios. A sua boca está
cheia de maldição e amargar. Os
seus pés são velozes para derramar
sangue. Há destruição e
ruína nos seus caminhos, e não
conhecem o caminho da paz. Não há
temor a Deus diante dos seus olhos” (Rm
3,10-18).
A
Esta Palavra forte, que tipo de resposta estamos
dando? Confesso a você que nem sempre
dou respostas positivas a Ela. Na verdade, tenho
dado muito mais não que sim a Deus. Tenho
sido extremamente infiel. Mas o que acontece?
Deus se irou contra mim? Não cheguei
a tanto ainda. Temos uma grande alternativa
- A Misericórdia Divina - que cobre a
todos e nos mostra que se nós mesmos
não nos aceitamos como somos, Deus ergue
os braços e nos acolhe. Mas atenção!!!
Jamais confundamos misericórdia com vista
grossa. Deus JAMAIS fará vista grossa
aos nossos atos. Misericórdia não
é o ato de deixar pra lá coisas
que aconteceram. Misericórdia é
a capacidade de entender que o outro é
limitado, que nem sempre dá conta, por
isso, precisa ser acolhido. Mas acolher o pecado?
De jeito nenhum, o pecado é o veneno
que nos mata e não serve para mais nada
a não ser nos cegar. Acolher o pecador,
é isso que Deus faz. Nos acolhe e nos
reergue como uma galinha cuida da sua ninhada
(Lc13,34). Alias, como diz com muita propriedade,
até porque ja experienciou isso, meu
amigo Márcio Todeschini, Deus vai muito
além. Ainda que uma mãe com seu
filho de colo, conseguisse deixar seu filho
de lado (infelizmente isto deixou se ser somente
uma hipótese absurda para ser uma votação
política), Ele não nos deixaria.
Ele é realmente fiél. Tanto que
incomoda. Claro que incomoda. Nós temos
mania de dar desculpa a tudo, de mentir sem
pestanejar para nos safar de situações.
Eu sou assim e acredito que muitos de vocês
também. Aquela mentirinha de “não
to em casa” não difere em nada
de uma grande farsa.
Pois
bem, então somos caso perdido? Deveras
que não! Enquanto houver sol (vida),
estaremos sendo chamados a essa fidelidade.
Enquanto vivermos, Deus bate à nossa
porta e nos pede para ceiar conosco (Ap 3,20).
Vou contar um fato que aconteceu hoje mesmo,
quando vinha pro trabalho. Vinha eu no MEU ônibus
(mania essa de dizer que tudo é nosso!)
e comecei a rezar o terço da misericórdia.
Como um dia normal, iniciei cheio de tentações
por todos os lados. Seja uma garota se exibindo,
seja um barulho enssurdecedor de buzina do meu
lado, seja o sol batendo na cara, tudo prejudicando
minha concentração, mas nada que
já não esteja acostumado. Então
rezei as orações iniciais (pra
quem nao conhece o terço da misericórdia,
ele começa com Pai Nosso, Ave Maria e
o Credo) e em seguida senti que o Senhor falava
comigo. Nossa fazia tempo que nao me sentia
assim. “O Senhor falou a mim, mas eu sou
tão infiel, como pode?”, questionei-me.
Bom, naquela hora, eu me imaginei na pele do
grande Zacarias que ficou mudo por fazer perguntas
imbecis. Bom, o anjo também tem seus
momentos de tolerância zero (Lc 1,30).
Mas o Senhor me falou nessas palavras: “dá
testemunho de mim neste ônibus. Ajoelha-te
e implora a Minha Misericórdia!“.
Nossa, não imaginava que minha infidelidade
fosse tão grande porque isso pra mim
era um castigo. Imagina só a situação,
eu, ajoelhado no ônibus. Eu estava na
última cadeira, do lado direito, na janela,
antes de passar na roleta. Só tinha eu
lá. As outras pessoas estavam do cobrador
pra frente do ônibus. Não era lá
um castigo tão grande assim. Mas eu pensei:
“se eu tiver ajoelhado aqui, e o cobrador
me vir, vai pensar que eu to doido e vão
todos me ver. Perdão, Senhor, sou como
Simão que te negou. Perdão, Senhor!”.
Mas você acha que Deus me deixou em paz?
Não mesmo. Nem Santa Teresa d’Ávila
conseguiu com que Deus a deixasse em paz quando
falou que por Ele tratar “mal” seus
amigos, por isso Ele tinha tão poucos.
Deus não me deixou em paz e não
me deixaria. Então eu nao fui fiel mais
uma vez. Até aí sem novidades.
Mas Deus queria mais, queria ir além
(lembra do Márcio?). E me disse: “se
sua preocupação é que alguém
pode achar que você é louco, pode
ajoelhar, farei com que ninguém te olhe!“.
Nossa, que alento esse né? Que bom, o
próprio Deus me assegurou que ninguém
me olharia. Mas como nem tudo são rosas,
entrou uma mulher e sentou um pouco mais a frente,
ainda na parte de trás. Ah, agora eu
nao iria me ajoelhar. Bom, mas graças
a Deus eu costumo crer nas promessas de Deus
e se Ele prometeu, iria cumprir. Então
eu já estava no fim do terço quando
fui, timidamente e cheio de medo, confesso,
me ajoelhando aos poucos. Pronto, caí
de joelhos. Eu estava com os olhos fechados,
mas ainda abria pra ver se alguém me
olhava. Num é que a promessa de Deus
se fez? Ninguém me olhou. Nem a mulher
que sentou quase do lado. Eu terminei o terço
e me sentei mais uma vez. Claro que Jesus não
quer nos humilhar, no sentido pejorativo, mas
quer nos mostrar que Deus basta (lembra da Santa
Teresa d’Ávila?).
Bom,
esse artigo está realmente grande, e
eu poderia escrever ainda muito mais. Mas fiquemos
com uma única frase que eu tenho aprendido
a cada dia: “Deus é fiél
na minha infidelidade“.
Bom,
fiquem com Deus e até a próxima.
Misericórdia
e Paz!
Paulo Silva
Músico e colunista do site do bairro
Antônio Bezerra.
http://www.aguiasdapaz.com.br
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