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Ana
Cláudia Marques Bastos |
APRENDER
E ENSINAR: UM DESAFIO A SER ENCARADO POR TODOS
Lembro de Paulo Freire que acredita só
acontecer aprendizagem quando há interesse
pelo que aprende por parte do estudante, me
sinto entristecida quando verifico os índices
de evasão, repetência e permanência
sem aprendizagem de crianças e jovens
nas escolas brasileiras, principalmente os advindos
da massa sobrante . De quem é a culpa?
Não se deve procurar culpados, mas analisar
as partes que compõe o todo da educação.
Qual é a função social
da escola? Qual é o papel da família?Qual
é o papel dos professores? Qual é
o papel do aluno? Qual é o papel do Estado?
A
escola tem como função social
repassar o conhecimento produzido pela humanidade
ao longo da História da civilização
para as novas gerações, todavia
a sociedade contemporânea tem atribuído
a essa instituição novos paradigmas.
Assim, a escola não vem cumprindo o seu
papel primeiro, promover o processo ensino-aprendizagem
de modo eficaz. A família que outrora
era composta de pai, mãe e filhos, agora
assume novos modelos e, nem sempre, os conceitos
morais e éticos são ofertados
pelos responsáveis às crianças.
Deixando-as confusas e a mercê da educação
reproduzida pela mídia, as novas tecnologias
passam a “educar” de forma aética,
os adolescentes chegam à idade adulta
sem escrúpulos, sem respeito e sem tolerância
com seus semelhantes.
As drogas, o
álcool, a violência, as separações,
a gravidez na adolescência, as doenças
sexualmente transmissíveis, a criminalidade
outros emblematizam o caos social instalados
no século XXI e que chegam à sociedade
como grandes desafios.As políticas neoliberais
implementaram dogmas econômicos que se
imprimiram no mercado de trabalho, o indivíduo
para inserir-se nesse mercado precisa se capacitar,dominar
as novas tecnologias e se antenar nas informações
do cotidiano. O professor,enquanto profissional
responsável por educar, necessita dotar-se
dessa competência técnica para
enfrentar as exigências do mercado, mas
acima de tudo se apropriar de tolerância
e de respeito as diferenças para atender
a pluralidade de personalidades que atende diariamente
nas salas de aula.
Não
é fácil estar em sala de aula
nos dias de hoje e atender tantas demandas psicológicas,
cognitivas, sociais, econômicas e afetivas
dos discentes. O aluno, aprendiz do novo, envolto
a tecnologia e a informação, precisa
enfrentar um modelo de escola tradicional pensado
na Idade Média e importado da Europa.
O modelo de escola vivido não atende
aos anseios dos alunos. Estes pensam velozes,
ou será Velox? Conectam-se virtualmente
e conseguem viajar em minutos na onda da Internet.
Interagem, encurtando
distâncias, com “amigos” do
mundo todo. Daí, se evidenciar tanta
indisposição em repetir a rotina
da escola de longas tarefas copiadas da lousa
até a hora de bater...O papel do Estado
é garantir educação de
qualidade para todos, assim está posto
na Constituição Federal de 1988
e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional nº.9394/96. Os políticos,
em tempos de palanque discursam que a educação
é a solução para a Nação,
porém ao ser eleito, todo o discurso
passa batido sem haver práxis.
O Brasil vive em uma
ciranda, ou seja, andando em ciclos no que se
refere a edificar historicamente a educação.
O piso salarial do professor, as horas para
pesquisar e planejar, pauta de luta há
vinte anos pela categoria e legitimada em julho
de 2008,agora é motivo de novo debate
porque não há interesse político
em se cumprir a Lei. O sistema capitalista e
o modelo liberal de se fazer política
trouxeram,principalmente, para os países
de terceiro mundo, diferenças de classes
muito mais alarmantes, pois como se pode produzir
tanto alimento no mundo e grande parte das pessoas
ainda passar fome? Encontra-se resposta para
essa atrocidade analisando as escolhas feitas
pelas elites que comandam o mundo globalizado
e passam a impor regras para a maioria dos homens
e mulheres advindos da base da pirâmide
social, os pobres.
Impõem regras e modelos de vida que impulsionam
a competitividade e o individualismo, promovendo
a desagregação das famílias,
o consumo exacerbado de mercadorias e serviços,
tornando os ricos cada vez mais ricos, os pobres
cada vez mais pobres e, o Estado passando a
assumir uma postura neutra, se eximindo de suas
responsabilidades para com a sociedade e beneficiando
a burguesia que se fortalece oferecendo serviços
caros à população que outrora
recebiam do governo. Assim sendo, vemos que
muitos são os protagonistas da educação
e, se não há um culpado, urge
unir forças e programar uma operação
de paz para fortalecer essa corrente do bem
em prol da educação cidadã
no Brasil.
Ana
Cláudia é Coordenadora de Gestão
do EEMF Antônio Bezerra e colunista do
BAB
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