BAIRRO
ANTONIO BEZERRA.
O
antigo Barro Vermelho ficou registrado na historiografia
cearense como o ponto de referencia histórico
dos movimentos abolicionistas e literários
de Fortaleza. Nele existia um bucólico
e aprazível sitio chamado de São
José do Muritipicu, localizado nas margens
da BR 222. Neste reduto aprazível morou
por muitos anos ate seu falecimento, a estrela
maior da abolição cearense, Antonio
Bezerra de Meneses.
A origem do nome ‘Barro Vermelho’,
antigo nome do bairro é por causa da
coloração de suas terras de cor
vermelhada, provenientes das camadas de Barro
existente no seu subsolo. Antigamente ate a
década de 70 era bem visível,
mas hoje devido as suas ruas estarem totalmente
asfaltadas e calcadas, quase não notamos
sua existência.
Sua ocupação teve inicio nos meado
de 1800, com o surgimento das primeiras construções
de chácaras e sítios com características
agrícolas. Surge às primeiras
famílias, entre elas a família
Bezerra de Meneses que marcaria sua existência
na historiografia do nosso estado. O Barro Vermelho
foi adquirindo características
próprias. O comercio passa a prosperar
lentamente. Surgem às primeiras ruas,
os casarios urbanos ligavam-se ao centro da
capital margeado a BR 222 que cortava o Barro
Vermelho em direção a cidade de
Soure.
Surge os primeiro marcos de referencia histórica
que define a formação patrimonial
do futuro bairro. A inauguração
da Estação Ferroviária
no Barro Vermelho, em 12 de outubro de 1917,
pelo próprio Antonio Bezerra que em discurso
solene agradeceu em nome dos moradores do Barro
Vermelho esta importante obra ferroviária
que ligava as cidades de Fortaleza, Soure a
Sobral, alem de interligar o Barro Vermelho
ao centro
da cidade.
Depois do falecimento de Antonio Bezerra, ocorrido
em agosto de 1921, um grupo de amigos reunidos
no sitio São José do Muritipicu;
resolveram homenageá-lo
condignamente, depois de intenso debate sobre
como fazê-lo. Raimundo Ribeiro propõe
a mudança do Barro Vermelho, local onde
por muitos anos morou ate seu falecimento
Antonio Bezerra, seria uma formula de recompensá-lo
com dignidade, coisa que ate então o
Governo do Estado não havia feito. Ele
nunca teve em nossa terra um lugar de destaque,
apenas admiração e gratidão
dos seus amigos e conterrâneos, porque
que ele não foi apenas um poeta, tribuno,
abolicionista e jornalista, ele foi também
um homem útil que estudou nossa história,
nossa cultura e costumes, assunto esse que ele
conhecia com grande autoridade. A proposta foi
aprovada por maioria absoluta, principalmente
pelos seus familiares que emocionados agradeceram
estão tão importante homenagem
prestado ao eterno e imortal Antonio Bezerra.
Em 31 de outubro do mesmo ano, foi sancionada
na Câmera Municipal a lei nº 1.813
de 31 de outubro, que desmembrava o Barro Vermelho
da Comarca de Parangaba para a Comarca de Fortaleza,
e dezenove anos depois foi sancionado a lei
de nº 79 de junho de 1937 criando definitivamente
o Distrito de Antonio Bezerra. Hoje Bairro de
Antonio
Bezerra.
Durante muitos anos o Bairro Antonio Bezerra,
ficou conhecido popularmente como Barro Vermelho,
ate na década de 64, quando os Generais
Militares que governou o país na revolução
de 64, acharam estranho este nome “BARRO
VERMELHO” que era associado a um Bairro
de Operários Comunista existente em São
Petersburgo, na extinta União Soviética.
Então passou a ser chamado e conhecido
obrigatoriamente como Bairro Antonio Bezerra.
Hoje apenas lembrados em livros e jornais, afora
uma Lanchonete denominada de “BARRO VERMELHO”.
Vale ressaltar a importância desta homenagem
para a época em que foi realizada. Pois
foi a primeira pessoa que recebeu seu nome em
um bairro da capital cearense, seguindo-se depois
de alguns anos, os bairros de Rodolfo Teófilo
e Quintino Cunha, cearenses que mereceram esta
tão importante homenagem do povo cearense.
Textos extraídos da Monografia:
Antonio Bezerra, Da Ação Abolicionista
as Letras da Padaria Espiritual. Apresentada
no Curso de Pós-Graduação
em História da UVA/INESC.
Valentim
Santos
é Ambientalista, Historiador e colunista
do site do bairro Antônio Bezerra
Contatos:professorvalentim@ig.com.br
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