MUCURIPE
ANTES E DEPOIS DE CABRAL.
O
Brasil foi segundo consta nos livros escolares
descoberto em 22 de abril de 1500, no Monte
Pascoal, região que futuramente seria
o Estado da Bahia. Sabemos que este fato mencionado
não é verdade. Os registros da
existência de terras já constavam
nos mapas náuticos espanhóis antes
mesmo da saída de Pedro Alves Cabral
de Portugal. O fato concreto é que o
Navegador espanhol do Navio Nina, chamado Vicente
Pinzon, da Frota do navegador Cristóvão
Colombo, esteve aqui em Fortaleza mas precisamente
na enseada do Mucuripe muito antes da chegada
e Pedro Alves Cabral partir de Portugal, comandando
uma frota composta por 4 caravelas. Esta descoberta
não foi acrescentada nos registros oficiais
em conseqüência do acordo nunca cumprido
do Tratado de Tordesilhas que demarcava estas
terras como pertencente a Coroa Portuguesa.
E a Espanha não tinha interesses de entregar
de bandeja um prato cheio desse como a descoberta
de terras abaixo da linha do Equador. Vicente
Pinzon chegou a batizar esta nova terra descoberta
com o nome de Santa Maria de lá Consolacíon,
em 2 de Fevereiro de 1500, era comum batizar
as terras descobertas com o nome do santo do
dia. Pouco depois, uma outra expedição
espanhola, comandada por Diogo Lepe, esteve
nas dunas de Fortaleza, registrando a existência
de cajueiros e coqueiros, arvores existente
em grande quantidade naquela região onde
esteve Vicente Pinzon, deixando um marco de
sua passagem, uma grande cruz de madeira. Portanto
sessenta dias antes da chegada de Pedro Alves
Cabral no Monte Pascoal, a ponta do Mucuripe,
atual bairro Vicente Pinzon já constava
nos mapas náuticos espanhóis.
Em 1534, portanto trinta e quatro anos depois
aconteceram à divisão das terras
em Capitanias Hereditárias, a região
do Ceará ficou com o Português
Antonio Cardoso de Barros, que nunca chegou
a tomar posse de suas terras. Em 1539 foi designado
pela Coroa Portuguesa o também Português
Luiz Melo da Silva como donatário das
terras cearenses, mas nunca chegou pois naufragou
nas costas do Maranhão.
Durante todo século XVI as terras cearenses
esteve entregue aos corsários piratas,
bucaneiros e a toda sorte de aventureiros que
clandestinamente chegavam às terras para
comercializar com os índios. Existe registro
em antigos alfarrábios que descrevem
a lendas de fenícios e chineses que descreviam
as costas cearenses nas suas viajem marítimas.
Fortaleza
passou a constar oficialmente na História
do Brasil, quando Portugal encontrava-se sobre
domínio espanhol demarcado nos mapas
pela linha vertical abstrata de Tordesilhas
que nunca foi seguido pelo português.
A colonização iniciou-se em 1603
pelo desbravador Açoriano Pero Coelho
de Sousa que havia recebido do Governador Geral
do Brasil, Diogo de Botelho, o titulo de Capitão-Mor,
indispensável para desbravar ou invadir
as terras de Iracema.
Em julho do mesmo ano Pero Coelho inicia sua
jornada com 65 soldados e mais de 200 índios
partindo da Paraíba com destino as terras
cearenses. Sua primeira parada aconteceu na
embocadura do rio Pirangi, que foi batizado
como rio Siará, seguindo depois para
a região da serra da Ibiapaba, lá
encontrara com piratas franceses que dominavam
aquela região, acontecendo ali à
primeira batalha registrada pelos historiadores
nas terras cearenses em 18 de janeiro de 1694,
onde morreu 17 membros da coluna de Pero Coelho
mas foram aprisionados 12 piratas franceses,
neste período
aconteceu um acordo de paz entre Pero Coelho
e os índios, através dos líderes
indígenas Irapuã, Diabo Grande
e Ibaúna, entre outros que batizará
ele com o nome indígena de Punaré.
Pero Coelho decide fazer acampamento na foz
do rio Siará, onde constrói um
Forte chamado pelo nome de São Thiago,
dando inicio um pequeno Arraial denominado de
Nova Lisboa, futura cidade de Fortaleza. Entre
os anos de 1605 e 1606 acontece a primeira seca
registrada no nordeste do Brasil descrito por
pero Coelho, nesta tragédia ele perde
dois filho que morrerão por inanição,depois
sem condições de sobrevivência
eles seguem para o Forte dos Três Reis
Magos, localizado no Rio Grande do Norte,com
65 homens e mais de 200 índios, chegando
apenas 12 sobreviventes. Pero Coelho segui para
Lisboa onde falece pobre e esquecido, mas sua
memória será sempre lembrado por
nós historiadores cearenses.
Em 1607 chega as terras cearenses a Companhia
de Jesus, chefiado pelos Padres Francisco Pinto
e Luiz Filgueira acompanhado por 60 índios
que inicia contatos com os Tabajaras que o chamava
de “Pai Pina ou Amanaiara” que significa
“Que faz chover”. Eles fundam vários
aldeamentos e missões entre elas destacam:
Parangaba (depois chamado de Arronche e, novamente,
Parangaba). Caucaia, (denominado de Vila Nova
de Soure) Paiacu (depois Monte Mor Velho, Guaray
e, na atualidade Pacajus). Paupina (atual Messejana).
Monte Mor Novo (Baturite). Telhas, (Iguatu).
Miranda (Crato) e Aracati Mirim, (hoje Almofala).
Padre Francisco Pinto foi morto entre conflito
entre os índios Tacarijus na serrada
Ibiapaba.
Luiz Filgueira escapa da carnificina e volta
para a Barra do Ceará onde funda um pequeno
povoado chamado São Lourenço,
santo do dia. Seguindo depois juntamente com
Jerônimo de Albuquerque para o Rio Grande
do Norte. Em 20 de janeiro de 1612, dia de São
Sebastião chegava às terras cearenses
um homem que iria ficar registrado na historiografia
como um dos principais colonizadores do Ceará,
chegava o jovem Martins Soares Moreno, um dos
poucos sobreviventes da frustrada expedição
de Pero Coelho (1603-1606). Com ele chegava
a conquista da capitania cearense, juntamente
com um padre e 6 soldados, fundando na barro
do rio Ceará, com ajuda dos índios
de Jacaúna, um pequeno Forte, denominado
de São Sebastião, onde existia
os escombros da Fortificação de
São Thiago, da sonhada Nova Lisboa de
Pero Coelho. Martins Soares conhecia bem a língua
indígena como também
interagiu rapidamente com os nativos. Com o
passar dos anos, Martins Soares foi chamada
pela coroa Portuguesa para lutar contra os Franceses
que estavam colonizando o Maranhão, então
ele parte com Jerônimo de Albuquerque
e vários soldados, só retornando
as terras cearenses com a expulsão dos
Franceses em 1612. Ele encontra a Aldeia quase
totalmente destruída, o forte em pedaços,mas
isto não o fez desmorecer, iniciando
a reconstrução.
Com
o passar dos anos, Martins Soares é convidado,
mais uma vez, pela coroa Portuguesa, juntamente
com Mathias de Albuquerque, para iniciar o fim
da ocupação Holandeses em Pernambuco.
Neste conflito aconteceram duas grandes batalhas,
destacando a batalha dos Guararapes onde os
Luso-brasileiros derrotaram os Holandeses com
táticas de guerrilhas. Os conflitos mudaram
o destino do País. Depois destes acontecimentos
Martins Soares regressou a Portugal depois de
passar 45 anos servindo a Coroa Portuguesa no
Brasil.
Em 1641, os Holandeses que ocupavam as terras
cearenses chefiados por Gedio Morris, trouxeram
um pintor Holandês chamado Franz Post,
que fez os primeiros retratos da Aldeia , considerado
os primeiros registros de Fortaleza. Em 1644,
acontece um ataque dos índios contra
os Holandeses destruindo completamente o Forte
de São Sebastião, trucidando todos
os flamengos. A terra voltava para seus
autênticos donos, os índios. Os
barcos holandeses vieram novamente aportar na
enseada da praia do Mucuripe em 3 de abril de
1649, comandado por Matias Beck. Ele inicia
a construção na colina Marajaitiba,
localizado nas margens do rio Telha, primeiro
nome do rio Pajeú, a construção
do Forte Schoonenborch, homenagem ao então
Governador do Brasil-Hodandes.
Localizado ao sopé desta colina sombreada
de coqueiros plantados por Pero Coelho, isto
em 10 de abril e 1649. Durante o tempo que permaneceu
no Ceará, Matias Beck escreveu o que
seria o terceiro documento da historiografia
cearense a ser escrito, o Diário de Matias
Beck. Após inúteis buscas de minas
de pratas na serra da Ibiapaba, e com a expulsão
dos holandeses em Pernambuco em 1654, Matias
Beck retira-se das terras cearenses em maio
do mesmo ano, entregando ao Capitão-mor
Álvaro de Azevedo Barreto o Forte Schoonemborch,
quando foi mudado o nome para Fortaleza de Nossa
Senhora de Assunção, em torno
da qual depois se desenvolveria a cidade de
Fortaleza, descrita no próprio hino da
cidade “Junto á sombra dos muros
do forte. A pequena semente nasceu; Em redor,
para glória do Norte, A cidade sorrindo
cresceu”. Com o surgimento da pequena
aldeia, chamada Fortaleza, foi construída
uma pequena capela entregue ao padre Pedro Morais,
com isto os índios e outros colonos que
habitavam no antigo aldeamento da Barra do Ceará,
aos poucos vieram para a foz do rio Pajeú,
com o aumento populacional foram surgindo os
primeiros comércios da província.
Capitania do Ceará que estava politicamente
ligado a Capitania do Maranhão desde
1556 ate 1621, mais apartir de 1656, ela passou
a subordinar-se a Pernambuco, situação
mantida por 143 anos, até 1799, quando
se tornou independente. Através da Resolução
do Conselho Ultramarino de 11 de março
de 1723, quando foi criado a Vila de Fortaleza
do Ceará Grande. Mas somente foi instalado
oficialmente em 13 de abril de 1726, presidida
pelo capitão-mor da época
Manuel Francês, autor da primeira planta
oficial da cidade de Fortaleza.
Hoje, passado 282 anos depois destes acontecimentos,
muita coisa mudou, a cidade creceu tanto populacionalmente,
quanto territorialmente, transformando uma simples
aldeia na 5º cidade do País, hoje
Fortaleza enfrenta problemas como toda grande
cidade, como falta de saneamento, educação,
saúde, violência entre outros problemas,
gerados pela má administração
dos governantes. Fortaleza, outrora tão
bela, descrita com tanto ardor pelos nossos
escritores e poetas já não e mais
bela. Hoje é dela. Esta cidade precisa
voltar a ser bela e não dela.
Valentim
Santos
é Ambientalista, Historiador e colunista
do site do bairro Antônio Bezerra
Contatos:professorvalentim@ig.com.br
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