|
Autor:
Pe. Almir Magalhães
Sacerdote e Pedagogo |
O
PLANO DE PASTORAL DA IGREJA DE FORTALEZA
A Arquidiocese de Fortaleza
praticamente concluiu o seu Plano de Pastoral
depois de um expressivo processo de participação
que durou dois anos e que teve sua culminância
na Assembléia de Pastoral realizada em
outubro/2007, onde ficou definido o Objetivo
da Arquidiocese bem como suas prioridades.
É
oportuno salientar que este plano está
profundamente integrado com a Conferência
de Aparecida e seu respectivo documento, cujos
eixos são o discipulado, a missão
e a vida, esta entendida em sua integralidade.
Agora,
qual o significado de um plano de pastoral?
Por que e para que se gasta tanto tempo com
a elaboração de um plano? Qual
o seu destino? O destino dele é a gaveta?
O
espírito do planejamento se situa na
perspectiva de se olhar para o futuro, prever
o futuro desejável a partir de uma realidade
questionável e indesejável. Isto
significa ter na base uma espiritualidade e
como horizonte uma esperança, uma utopia
que para nós cristãos é
o Evangelho, a Boa Notícia.
Percebe-se
muito empenho de nossos agentes de pastoral
em suas respectivas paróquias e nos diversos
grupos mas, a constatação a olho
nu, é a de que são francos atiradores,
cheios de atividades sem sistematização,
pragmáticos. Como não partem da
realidade, via de regra são atividades
que desempenham há muito tempo, rotineiras
e que portanto, não respondem aos desafios
que normalmente são identificados através
de um olhar sobre a realidade.
O
Plano de Pastoral visa superar o mimetismo,
o individualismo e a improvisação.
A questão é assumir o objetivo
e as prioridades, o que significará uma
reviravolta radical no nosso modo de fazer pastoral
em nossas Paróquias e Áreas Pastorais.
É evidente que isto não se faz
de modo fácil pois requer determinação,
empenho, gosto pastoral e espírito de
conjunto, cuja motivação e responsabilidade
cumpre em primeiro lugar ao Pároco, aos
padres que estão trabalhando em Paróquias
e Áreas Pastorais e aos Conselhos de
Pastorais destas respectivas unidades eclesiais.
É
claro que um processo de transição
é dificultoso, não é fácil
e vamos sempre encontrar os adeptos da “cebola
do Egito” que não compreendendo
que aquele momento era transitório, reclamavam.
O
desapego às nossas formas tradicionais
de fazer pastoral (mormente aquelas que não
respondem mais) vai exigir renúncia e
acima de tudo inteligência para compreender
que o mundo mudou e não podemos estar
apegados a formas que deram resultados no passado,
mas que estão superadas, são ilusórias
e não evangelizam.
Talvez
uma situação muito comum para
a realização desta transição
seja a insegurança, o medo de ousar e
nos prendermos àquilo que já sabemos
fazer. Superar o pessimismo que toma conta de
muita gente boa, segundo o qual, como já
foi dito, é preferível fazer o
que já se sabe e vamos reafirmando uma
pastoral de manutenção.
Neste sentido, a proposta mais viável
é sentar-se para conversar e decidir,
valendo aqui o sábio ditado “o
caminho se faz caminhando” e muita abertura
e confiança no guia da missão
que é o Espírito Santo, aliado
a um constante processo de avaliação,
que acaba sendo profundamente educativo, sem
se falar na imprescindível formação
que vai qualificando os agentes de pastoral.
Fundamental
neste processo é sair do próprio
gueto, de girar em torno do próprio umbigo
(que são os grupos, as pastorais, os
movimentos que fazemos parte), para ter uma
visão de conjunto, ter um olhar voltado
para a evangelização, para o mundo,
para a sociedade, para o bairro onde está
inserida a Paróquia ou Área Pastoral
e a partir do objetivo e das prioridades escolher
os destinatários da ação
evangelizadora, tendo como ponto de partida
a descentralização.
O
mais importante diante de tudo isso é
que o Plano não pode ser engavetado e
substituído pelas práticas rotineiras
e individualistas. Na ação evangelizadora
existem aquelas atividades permanentes e que
não podem faltar em quaisquer épocas.
Elas são: o Ministério
da Palavra, o Ministério
Litúrgico e o Ministério
da Caridade (cf.doc. 71 da CNBB, nn.
20 a 43). Entretanto, mesmo estas devem se enquadrar
numa metodologia participativa segundo a qual
os destinatários não são
objetos e sim protagonistas da ação
e os agentes de pastoral que trabalham com eles
devem constantemente envolvê-los, num
clima de comunhão e participação,
sempre contemplando o objetivo e as prioridades.
O
Plano de Pastoral que em breve estará
circulando entre todos os Agentes de Pastoral
da Arquidiocese de Fortaleza, deverá
ser nosso livro de cabeceira, iluminado pela
Palavra de Deus.
PADRE
ALMIR MAGALHÃES.
Pe.
Almir
é sacerdote da Arquidiocese de Fortaleza,
Reitor do Seminário Arquidiocesano São
José (Filosofia), e colunista do site
do bairro Antônio Bezerra.
Comente esse artigo
Untitled Document
|